sábado, 22 de janeiro de 2011

Fast e Fútil


        A moda agora é xingar muito no Twitter, protestar contra o salário dos parlamentares, os problemas causados pela falta de estrutura das grandes cidades que se agrava em períodos fortes de chuvas, reclamarem do Sisu (sistema de seleção unificada) que não atende as necessidades dos vestibulandos candidatos a vagas em universidades públicas, e de vários outros problemas que assolam nosso país. Qual o peso desse tipo de manifestação?

        Se voltarmos no tempo veremos  que regimes foram derrubados e até presidente deposto diante de grandes manifestações populares, que surtiram efeito pela forma  como a população  reagiu  as políticas contrarias ao ideal popular. Exemplos não são poucos, desde  as "diretas já" movimento em que o povo brasileiro exigia o direito de eleger seu presidente, até os “ Caras pintadas” estudantes que pintavam os rostos para protestar contra a corrupção do governo Collor , e pedir sua saída do poder. Ecoados pelos  gritos poéticos dos artistas  que em suas canções e versos, refletiam sobre o nosso país e os problemas que enfrentamos . Essas manifestações mostraram a força que o povo tem quando reage e luta por uma sociedade melhor e mais justa. 

 
        No entanto o período atual é marcado pelo crescimento acelerado das chamadas “redes sociais”, diria o filósofo às micro-cavernas, onde cada um habita solitário, porém iludido pela sensação de estar em volto a uma grande comunidade, mesmo que seja virtual. Assim tornando fácil o controle das autoridades políticas, sobre as classes inferiores.

        Xingar muito no Twitter talvez seja uma forma de expressar ao mundo o que sentimos, mas não é, de forma alguma, uma maneira de modificar o que está errado, o que não agrada, e tão pouco é justo.


Nem sequer é para mim uma tentação de neófito. Os tais 140 caracteres reflectem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido
José Saramago
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário